A candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, Duda Salabert (PDT), emocionou-se nesta sexta-feira (27) durante encontro com associados do Minas Tênis Clube, tradicional centro de esporte e lazer da capital mineira. A pedetista compartilhou experiências pessoais de transfobia vividas no local, durante uma apresentação que fazia parte de uma série de encontros com candidatos, organizada pelo clube em parceria com a Codese-BH (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte) e a Fecemg (Fórum Estadual de Formação Esportiva).
Duda iniciou seu discurso dizendo que não faria uma fala típica de uma candidata ou deputada federal, mas traria uma abordagem mais pessoal e existencial, destacando episódios de violência e preconceito que sofreu como mulher transsexual. “Peço licença, pois vou fazer uma fala diferente. Aqui não vai ser a fala de uma deputada federal nem de uma candidata à prefeitura”, afirmou.
A candidata relembrou sua trajetória política e as ameaças recebidas em diferentes momentos de sua carreira. Em 2018, quando concorreu ao Senado, Duda relatou ter sido alvo de mensagens de ódio e ameaças, que chegaram a ser enviadas para o colégio onde trabalhava, pressionando por sua demissão. Mesmo com essas adversidades, seguiu em frente e foi eleita como a vereadora mais votada de Belo Horizonte em 2020. Contudo, no dia seguinte às eleições, recebeu ameaças de morte de grupos neonazistas, que também ameaçaram transformar sua escola em “um mar de sangue”. Segundo a candidata, isso culminou em sua demissão da instituição.
Após a demissão, Duda utilizou o valor da rescisão para se tornar sócia do Minas Tênis Clube, pensando na formação de sua filha de cinco anos. No entanto, as experiências de preconceito e transfobia que viveu no clube a fizeram procurar a intervenção do Ministério Público. “O que passei aqui, em níveis de transfobia, sendo necessário o Ministério Público intervir, eu nunca passei em minha vida”, relatou a pedetista, emocionando-se ao relembrar o episódio.
Durante a apresentação, Duda enfatizou que a violência sofrida no clube foi a mais intensa que já experimentou. “Comprei uma cota do Minas Tênis Clube porque eu tenho uma filha de cinco anos e escolhi esse clube para que ela se formasse como atleta. O que passei por aqui em níveis de transfobia, que precisou que o Ministério Público intervisse, eu nunca passei na minha vida tanta violência quanto passei aqui. A violência que eu sofri no período eleitoral não se equipara à violência que sofri aqui”, afirmou a candidata, declarando ainda que seus “sonhos não cabem nas urnas”.
O discurso de Duda foi encerrado sob aplausos do público, com algumas pessoas a ovacionando de pé. Após a fala emocionante, os diretores do Minas Tênis Clube, Codese-BH e Fecemg se dirigiram até a candidata para prestar apoio e pedir desculpas pelo ocorrido. O evento então prosseguiu normalmente, com Duda respondendo a perguntas do público sobre seu plano de governo.
O Minas Tênis Clube, por sua vez, optou por não se posicionar sobre as acusações feitas por Duda Salabert, afirmando em nota que “não irá se posicionar por se tratar de pauta política”.
