A mineradora informou que manterá vigilância constante sobre a estrutura, assim como sobre a solução já implementada, e persistirá nos esforços para progredir na desativação e na diminuição do nível de risco da barragem.
Na manhã desta sexta-feira (12), a Vale emitiu um comunicado informando que corrigiu as anomalias na barragem Forquilha III, em Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais. De acordo com a nota, a função de drenagem do dispositivo foi restabelecida, eliminando a passagem dos materiais sólidos que estava ocorrendo.
Segundo a empresa de mineração, funcionários da Agência Nacional de Mineração (ANM) realizaram uma inspeção na barragem na quinta-feira (11) e confirmaram que tudo está conforme às normas.
A mineradora informou que manterá vigilância constante sobre a estrutura, assim como sobre a solução já implementada, e persistirá nos esforços para progredir na desativação e na diminuição do nível de risco da barragem.
Com previsão de conclusão em 2035, a estrutura localizada na mina de Fábrica, que armazena 19,4 milhões de metros cúbicos de rejeitos, está em processo de descaracterização. Com uma altura de 77 metros, a estrutura está passando por esse processo gradualmente. Na mesma situação estão a barragem da ArcelorMittal em Itatiaiuçu, a da Vale em Barão de Cocais e a barragem Forquilha III, todas classificadas com nível 3 de emergência em Minas Gerais.
Anomalia
Em 15 de março, a Vale detectou um vazamento de sedimento na saída de um dreno de água. De acordo com a Aecom, empresa responsável por realizar auditorias técnicas e ambientais, o dreno tem histórico de saída de material ao longo dos anos, mas a ocorrência atual é inédita, visto que o material observado é diferente do verificado nas ocasiões anteriores, sendo claramente composto por minério de ferro.
A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) relatou que uma filmagem interna no dreno revelou “alguns furos” na tubulação, que poderiam estar contribuindo para o problema. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que a própria Vale classificou essa anomalia com a pontuação 10, “a mais grave possível”. Segundo a mineradora, não houve alteração nas condições da estrutura.
O Bem Minas entrou em contato com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) que publicou uma nota alegando preocupação com a estabilidade da barragem Forquilha III.
Em nota disponibilizada no site da comissão, a junta alega ter sido surpreendida de maneira informal com a notícia e já solicitou informações detalhadas sobre o estado da barragem para os órgãos responsáveis.
“Mesmo com representação da mineradora no Plenário do Comitê, Câmaras Técnicas e Subcomitês, o CBH Rio das Velhas foi surpreendido com a informação sobre a anomalia de maneira informal. Assim, de pronto, o Comitê solicitou em caráter de urgência – à Vale e à FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente) – esclarecimentos e informações sobre o fato ocorrido e a situação da barragem, de modo que sejam esclarecidos os riscos em relação à estrutura, as causas, impactos e possíveis danos causados nos cursos d’água a jusante, bem como as medidas de contenção, reparação e mitigação que foram e estão sendo adotadas pela empresa”, disse a assessoria do CBH.
Na última terça-feira (09), a ANM recebeu da Vale uma sugestão de ação para resolver a irregularidade. De acordo com o órgão, foi solicitado à Vale manter todos os envolvidos informados.
Qual o impacto que um incidente na barragem pode causar no Rio das Velhas?
O rompimento de uma barragem de rejeitos na região conhecida como Alto Rio das Velhas, poderia ser catastrófico não somente para a saúde ambiental do rio, como também para a segurança hídrica de toda a região Metropolitana de Belo Horizonte. O Rio das Velhas é responsável pelo abastecimento de água de cerca de 50% da RMBH e 70% da capital.