A instalação de pedágios entre Belo Horizonte e o Aeroporto de Confins, proposta pelo Lote Rodoviário Vetor Norte, gerou grande repercussão durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (20) pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços. O evento contou com a participação de parlamentares municipais e estaduais, que expressaram preocupações sobre os impactos da medida na mobilidade urbana e no custo de vida da população.
O projeto prevê a instalação de pedágios ao longo de 123,4 km de rodovias que cruzam 13 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, incluindo Lagoa Santa, Sete Lagoas e Vespasiano. A cobrança, estimada em R$ 0,40 por quilômetro no Vetor Norte, é considerada excessiva por muitos, já que o valor é dez vezes maior do que o cobrado em outras rodovias de Minas Gerais.
De acordo com o subsecretário de Estado de Concessões e Parcerias, Vítor Augusto Martins da Costa, a proposta visa modernizar as rodovias da região, melhorar a segurança e atrair investimentos da ordem de R$ 5 bilhões. A cobrança será realizada por meio do sistema free flow, que permite a identificação dos veículos sem a necessidade de paradas nos pedágios.
No entanto, a medida foi amplamente criticada pelos parlamentares. O vereador Wanderley Porto (PRD), de Belo Horizonte, destacou que 75% dos motoristas não terão adesivo de cobrança automática no primeiro ano, o que os obrigará a utilizar um site ou aplicativo para efetuar o pagamento, o que, segundo ele, pode dificultar o processo.
Entre os deputados estaduais, houve um consenso contra a cobrança. A deputada Bella Gonçalves (PSOL) mencionou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), já assinada por 33 parlamentares, que visa proibir a instalação de pedágios nas rodovias que cortam a Região Metropolitana de Belo Horizonte. “A tarifa inicial será anualmente reajustada. Isso é um peso a mais para a população”, afirmou Bella. Sua colega de partido, a deputada Beatriz Cerqueira (PT), criticou a falta de uma consulta mais ampla à sociedade e sugeriu que o governo estadual deveria ouvir mais as demandas da população.
O presidente da Câmara Municipal de Vespasiano, Dorivaldo Oliveira Teixeira (PSDB), também se posicionou contra a medida, destacando que todos os vereadores do município são unânimes em rejeitar o pedágio. Além disso, os vereadores Dra. Michelly Siqueira (PRD) e Helton Júnior (PSD) encaminharam uma lista de questionamentos ao governo estadual, solicitando mais informações sobre os motivos da tarifa e as melhorias rodoviárias previstas no projeto.
Diante do clima de forte oposição, a questão do pedágio continua gerando debates e aguardam-se novos posicionamentos do governo estadual sobre o tema.
Com: CMBH