Nesta quarta-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não pretende privatizar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), caso o governo mineiro ofereça a empresa à União como forma de reduzir sua dívida. A declaração foi feita durante entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH. Apesar disso, Lula destacou que há outras estatais que podem ser negociadas.
“Se a Cemig é fundamental para o povo mineiro, você acha que eu assumiria a responsabilidade de privatizá-la? Se for para vender, que o próprio estado de Minas faça isso, pague sua dívida e depois decida pela privatização. Mas eu não vou fazer isso. Existem outras empresas que podemos considerar, mas cada caso será analisado individualmente”, afirmou o presidente.
Atualmente, a dívida do estado de Minas Gerais gira em torno de R$ 165 bilhões. O governo estadual possui 487,5 milhões de ações da Cemig e 190,2 milhões da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Com as ações da Cemig cotadas a cerca de R$ 11,40 e as da Copasa avaliadas em torno de R$ 22,10, a cessão dessas companhias poderia abater aproximadamente R$ 10 bilhões da dívida total, representando cerca de 6% do montante devido.
Já a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que atua na exploração de nióbio, tem um valor estimado de até R$ 60 bilhões, segundo o presidente da empresa, Sérgio Lopes, em entrevista concedida em junho ao jornal O Tempo. Caso a venda das estatais ocorra, cerca de 42% da dívida mineira poderia ser quitada.
A possibilidade de utilizar estatais para reduzir o débito estadual foi mencionada anteriormente pelo governador Romeu Zema (Novo), que, na época da aprovação do programa de pagamento de dívidas estaduais (Propag) no Senado, declarou sua intenção de aderir ao programa e negociar Cemig, Copasa e Codemig para abater parte da dívida com a União.
Manutenção de ministro e possível candidatura de Pacheco em Minas
Durante a entrevista, Lula também reforçou a permanência do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no cargo. O presidente classificou o ministro como “excepcional” e afastou qualquer possibilidade de troca na pasta.
Além disso, Lula comentou sobre o futuro político do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo o presidente, caberá a Pacheco decidir se deseja integrar o governo federal ou concorrer ao governo mineiro em 2026.
“Se eu disser que eles vão ficar, vão dizer que Lula não faz mudanças no governo. Mas posso afirmar que meu sonho para o Pacheco é mostrar que ele é a principal figura pública de Minas Gerais. Se ele quiser ser candidato a governador, vamos trabalhar para que ele seja eleito. A decisão será dele”, declarou Lula.
O presidente informou que pretende se reunir com Pacheco e outros integrantes do PSD após o período de férias do senador. Embora tenha dito que não há pressa para o encontro, Lula destacou que o partido precisa apresentar suas propostas. Ao listar os ministérios ocupados pela sigla, o presidente se confundiu e mencionou erroneamente o Ministério do Turismo, quando na realidade o PSD comanda o Ministério da Pesca.
Caso Pacheco opte por não disputar o governo mineiro, Lula afirmou que o Palácio do Planalto deverá buscar alternativas para a eleição estadual de 2026.