À: Chefia da Polícia Civil de Minas Gerais
ASSUNTO: Manifestação de Indignação e Registro de Falhas na Organização da Escala e Operação de Carnaval 2025
Senhores,
Por meio do presente, registramos, de forma coletiva e anônima, a profunda indignação dos policiais civis escalados e atingidos pelas decisões relacionadas à Operação Carnaval 2025, especialmente no que tange à falta de planejamento prévio, à desorganização operacional e à ausência de comunicação clara e eficaz por parte da administração superior.
É de conhecimento de todos que a suspensão generalizada de férias de todos os policiais civis de Minas Gerais durante o período carnavalesco foi imposta de forma abrupta e sem critério técnico adequado, abrangendo inclusive servidores não escalados diretamente para a operação, o que gerou prejuízos pessoais, familiares e profissionais a todo o efetivo.
Apesar de tal restrição ter sido justificada pela necessidade de “mobilização total do efetivo”, o que se observou na prática, principalmente em Belo Horizonte, foi a criação de rotas fictícias, sem qualquer movimentação relevante ou ocorrências reais para serem acompanhadas. Durante boa parte da operação, os policiais permaneceram em pontos vazios e sem função operacional clara, o que configura verdadeiro desperdício de recursos humanos e profundo desrespeito à atividade policial.
O cenário de desorganização atingiu seu ápice na Quarta-feira de Cinzas, quando as equipes escaladas para esse dia foram orientadas a se dirigirem à Praça Sete, onde deveria estar estacionado o ônibus-base da Delegacia de Eventos, ponto de apoio previamente determinado pelo responsável pela coordenação da operação, Dr. Álvaro. No entanto, ao chegarem ao local, os policiais constataram que o ônibus já havia sido recolhido à garagem, sem qualquer aviso ou comunicação prévia.
Os policiais permaneceram desorientados e desamparados, aguardando instruções, enquanto a própria coordenação operacional, nas figuras do Dr. Álvaro e do investigador Cláudio, demonstrava total desconhecimento da situação, não sabendo sequer informar onde se encontrava o referido ônibus ou qual seria a nova base de apoio. O ocorrido expôs os policiais civis a uma situação vexatória e evidenciou a total ausência de planejamento estratégico e tático mínimo.
Ressalta-se que essa situação poderia ter sido facilmente evitada caso houvesse planejamento antecipado adequado, com a elaboração da escala de Carnaval ainda no ano anterior, ou seja, em 2024, momento em que as diretrizes, eventos e atrações carnavalescas já eram de pleno conhecimento da administração pública. Caso houvesse esse planejamento preventivo, apenas os policiais diretamente escalados para a operação seriam impedidos de tirar férias no período, resguardando o direito constitucional ao descanso anual dos demais servidores — um efetivo superior a sete mil policiais civis.
Cabe, ainda, destacar a única “vantagem” extraída da operação: as fotos amplamente divulgadas no Instagram institucional da Polícia Civil e do Governo do Estado, usadas para enaltecer a atuação da corporação e justificar, perante a população, a eficiência da segurança pública durante o Carnaval. Essas mesmas imagens, aliás, serviram como critério para o governador Romeu Zema reforçar o anúncio do tão esperado reajuste salarial de 6%, acompanhado da concessão de auxílio-alimentação, benefícios esses que, vale frisar, não configuram favor algum do governo, mas sim direitos legais já amplamente debatidos e devidos à categoria. Vincular tais conquistas ao sucesso fictício da Operação Carnaval é uma tentativa de mascarar a realidade da ausência de planejamento e da desvalorização cotidiana sofrida pelo efetivo.
Essa falta de organização, somada ao desprezo pelas condições pessoais e familiares dos servidores e à improvisação operacional, gera um ambiente de profundo desânimo, insatisfação e sensação de desvalorização profissional, impactando diretamente na motivação e na própria qualidade da prestação do serviço de segurança pública à população mineira.
Diante de todo o exposto, esta manifestação anônima tem por objetivo exigir que a Chefia da Polícia Civil, a SIPJ, a Corregedoria e o Gabinete tomem conhecimento formal da situação, promovam a devida apuração das responsabilidades e adotem, com urgência, medidas corretivas para que fatos dessa natureza não voltem a ocorrer, especialmente em operações de grande porte.
Reitera-se a necessidade de implantação imediata de um plano permanente de gestão de efetivo e escalas para grandes eventos, garantindo planejamento antecipado, respeito ao direito de férias e comunicação eficaz entre comando e tropa.
Certo de que esta manifestação reflete o sentimento real da base operacional da Polícia Civil de Minas Gerais, reiteramos o desejo de ver a instituição fortalecida por meio de práticas de gestão eficientes, técnicas e respeitosas.