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Morro do papagaio lança cartilha sobre desafios climáticos enfrentados pela comunidade

No último sábado (18), moradores do Morro do Papagaio, comunidade da região Centro-Sul de Belo Horizonte, lançaram a “Carta de Direitos Climáticos do Morro do Papagaio”. O lançamento do projeto aconteceu na sede do movimento Eu Amo Minha Quebrada e contou com a presença de parlamentares, como os deputados Lohanna França (PV) e Rogério Correia (PT), além de representantes de outras organizações.

O documento, assinado por Amanda Ferreira Lima, 23,  trata dos desafios críticos enfrentados pelos mais de 16 mil moradores da comunidade, incluindo o descarte irregular de lixo, o saneamento básico inadequado, o racismo ambiental, entre outros. A jovem, também moradora do Morro, explicou que estudou diversos documentos para chegar ao resultado final. 

“Escrever a carta foi muito desafiador, me inspirei em outras cartas para chegar nesse resultado. Esperamos alcançar os órgãos públicos, principalmente na questão do lixo e das casas, que correm risco de desapropriação”, disse Amanda.

“Espero incentivar outros jovens a serem líderes climáticos, pois se eu mulher negra e periférica consegui, outros jovens podem enxergar que também podem reivindicar seus direitos”, completou. 

A cartilha foi construída por meio de um processo colaborativo iniciado em 2023, que visa transformar os jovens da comunidade em líderes climáticos. O projeto é a união das organizações Eu Amo Minha Quebrada, Global Shapers Belo Horizonte, The Climate Reality Project Brasil e Engajamundo. 

De acordo com Júlio César, fundador do movimento Eu Amo Minha Quebrada, há muito tempo o projeto discute sobre poluição ambiental, sustentabilidade e meio ambiente, pois as comunidades são sempre as mais afetadas.

“Não tem como falar de emergência climática sem falar da favela, um das partes da cidade que mais sofre com os desastres dos fenômenos da natureza e com a ganância do ser humano. A carta surgiu a partir de um curso de capacitação elaborado por todos os projetos envolvidos. No curso, a Amanda se destacou na turma, e assim escreveu a carta” disse o líder social.

“A carta fala das mazelas da quebrada, dos nossos sonhos e do que o poder público precisa fazer para resolver algumas questões relacionadas ao clima dentro da comunidade. Nosso objetivo é que a carta e as ações que temos feito no Morro do Papagaio seja um impulsionador para outras quebradas”, completou. 

Com 23 páginas, a carta fala sobre a falta de mobilidade, o descarte irregular de lixo e a super população de pets, como animais e gatos de rua. No segundo capítulo, o documento relata sobre a necessidade de regulamentação fundiária, o racismo ambiental e os casos de dengue devido à falta de saneamento básico e de uma infraestrutura de qualidade.

A cartilha também fala sobre os sonhos que a região deseja alcançar, como projetos de valorização da cultura da quebrada, acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, campanhas de castração de animais, educação sexual entre outros. 

O documento não só destaca os desafios enfrentados pelo Morro do Papagaio, mas é um chamado à ação para garantir um futuro com dignidade e justiça socioambiental.

Também participaram do evento moradores, ativistas da causa animal, além de representantes de instituições públicas e privadas.

Movimento Eu Amo Minha Quebrada

O movimento Eu Amo Minha Quebrada é um projeto social que atua no Morro do Papagaio, em Belo Horizonte. Seu objetivo é fortalecer o sentimento de pertencimento, amor e respeito pelo local onde vivemos, além de incentivar o interesse pela educação, tecnologia, sustentabilidade, esporte e empreendedorismo.

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Lorena Cordeiro

Lorena Cordeiro

Jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Repórter no Portal Bem Minas desde 2020 nas editorias Meio Ambiente, Mineração e Energias Renováveis.

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