Na manhã desta terça-feira (26), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) lançou duas operações simultâneas para investigar crimes de fraude em licitações e lavagem de dinheiro em Muriaé, localizada na Zona da Mata mineira. As ações, que envolveram o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão nos municípios de Muriaé, Vieiras e Juiz de Fora, visam coletar provas para aprofundar as investigações.
Esquema envolvia políticos e empresários
A operação “Mãos Invisíveis” foca em uma associação criminosa que, de acordo com o MPMG, inclui ex-presidentes da Câmara Municipal de Muriaé, um ex-diretor financeiro, servidores públicos e empresários. A investigação aponta que o grupo manipulava processos licitatórios para firmar contratos fraudulentos com o setor público. Segundo o Ministério Público, a organização atuava como um “consórcio de empresas fraudulentas” para cometer crimes contra a administração pública.
Entre os envolvidos estão dois vereadores e um diretor financeiro da Câmara, que, conforme as investigações, utilizaram empresas em nome de laranjas para desviar recursos públicos. Após a celebração dos contratos, os valores eram movimentados em contas de terceiros para ocultar sua origem, caracterizando lavagem de dinheiro.
Operação é desdobramento de investigações anteriores
As ações desta terça-feira derivam das operações “Catarse 1” e “Metástase 2”, realizadas pelo Gaeco entre 2021 e 2024, que desvendou um esquema sistemático de desvios de verbas públicas por meio de fraudes a licitações e outros crimes contra o patrimônio público.
Paralelamente, a operação “Computare” também avançou nas apurações iniciadas pela operação “Catarse”, deflagrada em 2021. Naquela ocasião, mensagens obtidas do celular de um vereador revelaram articulações para fraudar licitações em Muriaé e Orizânia. Em um dos casos, um vereador teria contratado um contador para assessorar empresas em processos licitatórios, resultando na vitória de uma dessas empresas em uma licitação dois meses depois.
Além disso, outro investigado, que atua como assessor parlamentar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, é suspeito de oferecer propina a empresas concorrentes para manipular resultados de licitações.
Próximos passos nas investigações
As operações, conduzidas pelo Gaeco com o apoio das Polícias Civil e Militar, têm como objetivo confirmar as suspeitas e identificar todos os envolvidos. Segundo o MPMG, caso as irregularidades sejam comprovadas, os responsáveis poderão ser denunciados por crimes como fraude a licitações e outros delitos contra a administração pública.
O material apreendido será analisado nas próximas semanas, fornecendo novos elementos para embasar possíveis denúncias contra os suspeitos.