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Pesquisa aponta que crise climática influencia na alta de casos de dengue 

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O estudo emprega ferramentas de modelagem climática para realizar análises de cenários e projetar possíveis casos até o ano de 2070, observando tendências para o avanço da doença.

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) apresentou um estudo que aponta que o aumento das temperaturas e a intensificação das chuvas podem ajudar na reprodução do mosquito  Aedes aegypti. Com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o estudo emprega ferramentas de modelagem climática para realizar análises de cenários e projetar possíveis casos até o ano de 2070, observando tendências para o avanço da doença.

De acordo com a pesquisa realizada pelo pesquisador Antonio Carlos da Silva Oscar Júnior, do Instituto de Geografia (Igeog), o mosquito, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya, tem aumentado sua expansão territorial e alcançado populações que nunca tiveram contato com o vírus. 

A pesquisa, apesar de até o momento se restringir apenas ao estado do Rio de Janeiro, demonstra que em todo o mundo o aumento de mosquitos pode acontecer devido ao aquecimento das temperaturas, visto que os casos da doença já aumentam em períodos de chuva e calor intenso. 

“Para se desenvolver, o mosquito precisa de uma faixa ótima de temperatura, entre 20° e 30°C, focos de água parada e umidade suficiente para eclosão de ovos, além de um ambiente de propagação. Esses aspectos climáticos interferem na população de mosquito nos espaços das cidades e, consequentemente, na exposição da comunidade à doença” explica Oscar Júnior. 

De acordo com a universidade, os resultados podem demonstrar futuros problemas no sistema de saúde e a falta de grandes resultados com as campanhas de conscientização. 

“Esta nova característica poderia gerar uma sobrecarga do sistema público de saúde durante o ano, além da anulação do período de elaboração de ações do poder público, como o planejamento de campanhas de prevenção e conscientização da população, normalmente realizado na época com menor número de infecções pela arbovirose”, disse a UERJ. 

Além disso, o pesquisador explicou que já foi comprovado que o mosquito pode contrair o vírus por meio de outros mosquitos, sem a necessidade do contato humano, o que amplia ainda mais os casos no país. 

Minas Gerais

De acordo com informações do Ministério da Saúde, os casos de dengue em Minas Gerais correspondem a aproximadamente um terço de todas as notificações no Brasil. Além disso, o estado registrou 66 mortes confirmadas pela doença desde o início do ano.

Na última segunda-feira (11)  foi inaugurado em Belo Horizonte um novo centro de atendimento dedicado exclusivamente às pessoas com sintomas de dengue, chikungunya e zika. O local também tem como objetivo realizar ações de assistência e cuidados necessários para as doenças transmitidas pelo mosquito. A capital mineira também conta com dois hospitais temporários, um hospital de campanha e outros dois centros exclusivos para pacientes com arboviroses 

O panorama epidemiológico da dengue em Minas Gerais neste ano é mais grave do que em 2023. Os 464.223 casos prováveis registrados no estado nas primeiras semanas de 2024 já ultrapassam todos os casos contabilizados ao longo do ano passado, que foram 408.393.

Após o aumento repentino dos casos de dengue, Minas Gerais declarou emergência em saúde pública em 27 de janeiro, facilitando o acesso a recursos federais e agilizando os procedimentos para combater a doença. Da mesma forma, Acre, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo também decretaram emergência devido ao aumento das notificações de dengue.

O que dizem outros especialistas

De acordo com Elis Batista, doutora em parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o aumento das temperaturas também aumenta o ciclo de vida do mosquito e é necessário que as campanhas acompanhem os processos climáticos e se adaptem a eles.

“A crise climática que estamos vivendo é um fator de risco para a dengue e outras arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti, uma vez que o aumento da temperatura média pode acelerar o ciclo de vida do mosquito, levando a uma reprodução mais rápida, e as chuvas aumentam a disponibilidade de criadouros. É importante ressaltar que as estratégias de combate ao mosquito precisam levar em consideração os efeitos das mudanças climáticas”, disse.

Elis ainda ressalta que a população é um grupo que tem grande poder de reverter esse cenário da doença no país.

“Dados do Ministério da Saúde apontam que 75% dos criadouros estão nas residências, isso demonstra que, além do governo, a população também tem um importante papel para tentar reverter esse cenário, evitando o acúmulo de água, olhando pneus, vasos de plantas, bebedouros de animais, caixa d’água destampada. O mais importante é abrir as portas para os Agente de Endemias. Vale ressaltar que não existe fórmula mágica contra a dengue, o melhor a se fazer é a prevenção, evitando a proliferação do mosquito e se vacinando”, completou a doutora. 

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