No último sábado (02) e na última segunda-feira (04), cerca de 7 mil peixes foram encontrados mortos na Lagoa da Pampulha. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a questão está associada ao vazamento de esgoto não tratado na água causado pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Em nota a PBH informou que “a equipe de fiscalização de controle urbanístico e ambiental constatou dano ambiental referente à mortandade de peixes na Lagoa da Pampulha e, em consequência, emitiu notificação para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) por vazamento de esgoto sem tratamento nas águas da Lagoa da Pampulha”.
A causa da morte está ligada ao comportamento dos peixes de subir à superfície em busca de alimentos e oxigênio, e ao encontrarem poluentes ou substâncias tóxicas, acabam falecendo.
Para Felipe Gomes, Engenheiro Ambiental e ativista climático, a situação demonstra o descaso das autoridades públicas com o patrimônio histórico de Belo Horizonte e a ausência de ações efetivas.
“Há um descaso do poder público com a Lagoa da Pampulha. O caso está sendo tratado sem força na mídia e sem esclarecimento dos reais motivos. Quem sofre com isso são os peixes e o turismo da cidade”, disse o ativista.
“A questão da lagoa da Pampulha é um problema que se arrasta há anos. Tiram sedimentos em uma quantidade inferior a quantidade que a lagoa recebe, ao invés de atacar a questão estrutural e impedir que o esgoto chegue na Pampulha. O governo de Belo Horizonte, de Contagem, o Estado de Minas Gerais e a Copasa devem implementar um plano de longo prazo “, completou.
De acordo com Felipe Gomes o problema só pode ser resolvido com planejamentos por bacia hidrográfica que garanta um olhar integrado para a Lagoa.
“A Lagoa da Pampulha está em BH e Contagem, enquanto não tiver um saneamento de toda a bacia hidrográfica, garantindo coleta de esgoto, drenagem pluvial adequada, retenção de sedimentos, revegetação de nascentes e renaturalização dos córregos que vão para a Lagoa, o problema não será resolvido” disse o engenheiro.
Até o momento, a Copasa informou que não recebeu a notificação da PBH e está monitorando as medidas adotadas pela pela prefeitura em relação aos peixes encontrados mortos desde o último fim de semana, enquanto inspeciona os cursos de água da bacia para identificar possíveis eventos que possam ter afetado a qualidade da água.
Essa não é a primeira vez que ocorre esse tipo de situação na Lagoa da Pampulha. Em novembro do ano passado, também foram encontrados peixes mortos na água. Na ocasião, a prefeitura atribuiu o problema ao calor extremo.
Leia na íntegra a nota da PBH:
“A Prefeitura de Belo Horizonte informa que, após vistoria realizada neste domingo (3), a equipe de fiscalização de controle urbanístico e ambiental constatou dano ambiental referente à mortandade de peixes na Lagoa da Pampulha e, em consequência, emitiu notificação para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) por vazamento de esgoto sem tratamento nas águas da Lagoa da Pampulha. Foram recolhidos, entre sábado e segunda-feira, c
erca de 7 mil peixes mortos. A amplitude, a gradação do dano e o valor da multa serão definidos após parecer técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O auto de notificação constata que houve transgressão à Lei 4253/85, art.4, e ao Decreto 16529/16: ’emissão ou lançamento de poluentes nos recursos ambientais, bem como provocar sua degradação’”.
Leia a nota da Copasa na íntegra:
“A Copasa informa que ainda não foi notificada pela Prefeitura de Belo Horizonte, e que está acompanhando as ações realizadas pela PBH em relação aos peixes mortos na Lagoa da Pampulha desde o fim de semana e inspecionando os cursos de água da bacia, com objetivo de identificar possíveis ocorrências que possam ter comprometido a qualidade da água.
A Companhia também informa que desde janeiro de 2022 foram investidos R$ 29,8 milhões nas ações para aumento da cobertura de atendimento aos clientes com tratamento de esgoto na bacia da Pampulha.
Os avanços, incluindo a implementação de obras para coleta de esgoto em tempo seco nas galerias pluviais, proporcionaram uma melhoria da qualidade dos cursos de água da bacia, com 95% dos resultados das coletas do último trimestre apresentando resultados bons ou aceitáveis, evidenciando que a infraestrutura instalada e a cobertura de mais de 99% do sistema de esgotamento sanitário na bacia apresentam desempenho satisfatório”.