A gestão de resíduos sólidos é um dos desafios mais urgentes da sociedade contemporânea, demandando a colaboração ativa de múltiplos setores para promover a sustentabilidade. A coleta seletiva e a reciclagem são fundamentais nesse processo, e a construção civil, como uma das principais geradoras de resíduos, possui uma responsabilidade considerável nesse cenário.
A coleta seletiva, também conhecida como recolha seletiva, refere-se ao processo de recolhimento de materiais recicláveis que foram previamente separados na fonte de geração. Esse sistema facilita a reciclagem e o descarte adequado dos materiais, reduzindo a quantidade de lixo enviada aos aterros sanitários. Envolve a separação dos resíduos em categorias como papel, plástico, vidro, metal e orgânicos. Cada tipo de resíduo necessita de um tratamento específico para ser reutilizado ou reciclado de forma eficaz.
Ramalho da Construção, presidente licenciado do Sintracon – SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) explica que a construção civil é responsável por uma grande parcela dos resíduos sólidos gerados nas cidades. Estes resíduos incluem entulhos, restos de materiais de construção, demolições e reformas.
“A gestão adequada desses resíduos é fundamental para reduzir o impacto ambiental e promover a sustentabilidade no setor”, enfatiza.
Ramalho defende que aprofundar nossa compreensão sobre os tipos de resíduos que surgem nas obras, entender as normas e leis que regulam essa questão e descobrir estratégias práticas para enfrentar esses desafios é uma necessidade urgente.
A classificação dos resíduos sólidos é um processo que permite a separação dos materiais com base em suas características físicas, químicas e biológicas, essa classificação é fundamental para garantir o gerenciamento eficiente dos resíduos da construção civil.
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) no 307, de 2002, estabelece a classificação dos resíduos sólidos da construção civil em quatro classes:
Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis, como componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto, inclusive solos provenientes de terraplanagem.
Classe B: resíduos que podem ser reciclados ou reaproveitados, como papel, papelão, plástico, metal, vidro, gesso e madeira.
Classe C: resíduos perigosos, para os quais não existem tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a reciclagem ou recuperação, como lã de vidro, lã de rocha, cola e vedantes, cimento e cal.
Classe D: resíduos perigosos provenientes do processo de construção, como tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde originados de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
A Lei Federal no 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), classifica os resíduos sólidos em dois grupos:
Grupo I: resíduos perigosos, que apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente.
Grupo II: resíduos não perigosos, que não apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente.
As duas classificações se complementam e têm como objetivo direcionar os resíduos para as destinações apropriadas, evitando impactos ambientais e econômicos. Com uma vida dedicada à construção civil, aos canteiros de obras, às necessidades dos trabalhadores da construção e com um estreito relacionamento com as empresas do setor, Ramalho afirma que há muitos desafios e obstáculos a serem superados para garantir um impacto ambiental mínimo. Entre eles, ele destaca:
- a falta de conscientização;
- infraestrutura inadequada para o tratamento eficiente dos resíduos de construção;
- resistência devido a preocupações com custos adicionais e mudanças nos processos de construção;
- a fiscalização insuficiente das práticas de gerenciamento de resíduos;
- desafios logísticos;
- e a quantidade significativa de resíduos que aumenta ao desafio de encontrar maneiras sustentáveis de lidar com eles.
Sugere ainda estratégias sustentáveis que colocam a construção civil como parceira no papel de amiga do meio ambiente e da sustentabilidade.
- · Planejamento e projeto sustentável: Adotar práticas de construção sustentável desde o planejamento, utilizando materiais recicláveis e técnicas que minimizem a geração de resíduos.
- · Gestão de resíduos sólidos: específico para cada obra. Criar um Plano de Gerenciamento que deve incluir um plano detalhado para a segregação, coleta, acondicionamento, transporte e destinação dos resíduos, de acordo com as classificações estabelecidas nas normas.
- · Treinamento e Conscientização: Treine sua equipe sobre a importância do gerenciamento adequado de resíduos. Conscientizar os trabalhadores e incentivá- los a adotar práticas responsáveis é fundamental.
- · Reutilização de materiais: Incentivar a reutilização de materiais de construção, como tijolos, metais e madeiras.
- · Tecnologias sustentáveis: Investir em tecnologias que reduzem o desperdício e aumentam a eficiência no uso dos recursos.
- · Parcerias com Empresas de Reciclagem: Busque parcerias com empresas de reciclagem locais para garantir que os resíduos recicláveis sejam devidamente processados.
Os benefícios da Seletiva Coletiva são inúmeros:
- · Redução do impacto ambiental: A separação correta dos resíduos diminui a poluição do solo, da água e do ar.
- · Economia de recursos naturais: A reciclagem de materiais reduz a necessidade de extração de matérias-primas.
- · Geração de emprego: O setor de reciclagem cria oportunidades de trabalho, desde a coleta até a transformação dos materiais.
- · Conscientização ambiental: A seletiva coletiva educa a população sobre a importância da sustentabilidade.
- · Redução de custos: A reutilização e reciclagem de materiais podem diminuir os custos com a compra de novos insumos.
- · Valorização de mercado: Práticas sustentáveis aumentam a reputação da empresa e podem agregar valor aos empreendimentos.
- · Conformidade legal: Atender às legislações ambientais vigentes e evitar multas por descarte inadequado de resíduos.
A coleta seletiva e a reciclagem são essenciais para a construção de um futuro sustentável. Esses resíduos, muitas vezes ignorados, têm um impacto significativo em nosso meio ambiente. A construção civil, como um dos maiores produtores de resíduos, desempenha um papel vital nesse contexto. Implementar práticas sustentáveis, promover a gestão adequada de resíduos e investir em tecnologias verdes são medidas fundamentais para reduzir o impacto ambiental e contribuir para a preservação dos recursos naturais. A colaboração entre setores e a conscientização da sociedade são pilares indispensáveis para o sucesso dessa trajetória em direção à sustentabilidade.
Com: AL9 Comunicação