Apesar de uma leve redução na inadimplência em Belo Horizonte, o superendividamento das famílias cresceu em março, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG.
O levantamento revela que o índice de endividamento geral na capital mineira caiu pelo quinto mês consecutivo, alcançando 89% — um recuo de 0,4 ponto percentual em relação a fevereiro. Também houve queda de 1,3 ponto percentual na inadimplência, com 52,2% dos consumidores relatando contas em atraso. Já a parcela de famílias que reconhecem não conseguir pagar as dívidas no mês seguinte passou de 26,3% em fevereiro para 26% em março.
No entanto, o número de famílias superendividadas — aquelas cujo comprometimento da renda com dívidas ultrapassa 50% — aumentou, atingindo 27,9% em março, o que representa um crescimento de 2,6 pontos percentuais. A economista Gabriela Martins, da Fecomércio MG, alerta que esse nível elevado de comprometimento da renda pode ter efeitos diretos sobre o comércio local. “O endividamento excessivo reduz o poder de compra das famílias e, quando esse cenário evolui para inadimplência, limita o acesso ao crédito e impacta negativamente nas vendas”, destaca.
Entre os entrevistados, 33,7% se consideram pouco endividados, 31,6% se dizem moderadamente endividados e 23,7% se classificam como muito endividados. Apenas 11% afirmaram não ter dívidas ativas, como empréstimos, cartões de crédito, carnês ou financiamentos.
A pesquisa também apontou que o cartão de crédito é o principal meio de endividamento, afetando 93,1% dos consumidores. Entre famílias com renda acima de dez salários mínimos, esse número sobe para 97,9%, enquanto entre os que ganham até dez salários, o índice fica em 92,3%. Nesta faixa, 33,4% também acumulam dívidas em carnês de lojas, enquanto nas famílias de maior renda, o financiamento de veículos é a segunda principal fonte de dívida (23,8%).
A inadimplência é mais expressiva entre famílias com renda de até dez salários mínimos, atingindo 53,6%, contra 44,3% entre as de maior renda. Dentro do grupo de endividados, 58,7% afirmaram ter dívidas vencidas. Quase metade (49,8%) dos consumidores inadimplentes relatou que não terá condições de pagar as contas atrasadas no mês seguinte.
Outro dado preocupante é o tempo de permanência no vermelho. Mais da metade (52,5%) dos consumidores de BH têm contas vencidas há mais de 90 dias. Entre os de menor renda, o índice é ainda maior: 54,1%. Já entre os mais abastados, 42% enfrentam esse mesmo problema. De modo geral, 79,3% das famílias com dívidas atrasadas têm compromissos financeiros com duração média de 8,1 meses.
Gabriela Martins reforça que, embora haja uma retração na inadimplência, o patamar ainda é alto. “É preocupante que tantas famílias ainda estejam com contas vencidas e sem perspectivas de quitá-las. Isso afeta diretamente o comércio, já que o consumo depende da saúde financeira dos lares e do acesso ao crédito”, comenta.
Sobre a Fecomércio MG
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) é a principal representante do setor terciário no estado, atuando há mais de oito décadas na defesa dos interesses do comércio. Com mais de 750 mil empresas representadas e 51 sindicatos filiados, a entidade também administra o Sesc e o Senac em Minas, promovendo ações sociais, educacionais e de capacitação profissional.
Desde 2022, a Fecomércio MG vem ampliando sua presença nos debates públicos, contribuindo com propostas para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais e buscando condições mais favoráveis para os empresários mineiros em diferentes esferas do poder público. A entidade atua em sintonia com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), presidida por José Roberto Tadros, consolidando sua importância para a economia e para a sociedade mineira.