Pesquisar

Custos elevados e insegurança jurídica desafiam o transporte de cargas em Minas Gerais

Setcemg anuncia medidas para 2025, incluindo criação de delegacias regionais e ampliação de capacitações, em busca de fortalecer o setor e superar adversidades.
Custos elevados e insegurança jurídica desafiam o transporte de cargas em Minas Gerais
Reprodução/Internet

Em um ano marcado por dificuldades econômicas e inseguranças regulatórias, o transporte de cargas enfrentou desafios expressivos em 2024. Em Minas Gerais, o aumento de custos operacionais, entre 14% e 15%, impactou fortemente o setor, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Junior. Problemas como a alta nos preços de insumos e equipamentos, aliados à dificuldade em repassar esses custos ao frete, agravaram a defasagem tarifária.

“O setor sofreu uma pressão imensa sobre as margens de lucro, já que a maioria das empresas não conseguiu reajustar os preços do frete. Isso evidencia a necessidade de ações conjuntas para minimizar os impactos”, avaliou o dirigente.

Mobilização setorial e novas estratégias

Para 2025, o Setcemg planeja intensificar esforços por meio de maior mobilização e fortalecimento do setor. Entre as medidas anunciadas estão a ampliação de cursos técnicos e o ‘Café com Palestra’, que se tornará itinerante, além da criação de delegacias regionais. Este ano, uma unidade já foi inaugurada em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e outras estão previstas para atender diferentes regiões do estado.

“Somente com união e fortalecimento do setor será possível superar os desafios econômicos e regulatórios que enfrentamos”, destacou Silva Junior, reforçando a importância da presença ativa do Setcemg em fóruns e discussões estratégicas.

Impasses jurídicos e seus impactos

A insegurança jurídica também foi um ponto crítico em 2024, com destaque para decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que trouxeram retrocessos significativos. Alterações na Lei do Motorista, por exemplo, causaram transtornos operacionais e custos adicionais.

“Um motorista pode perder até 10 horas em espera para carregar e, quando está apto a iniciar a jornada, precisa cumprir um descanso obrigatório de 11 horas. Isso atrasa o transporte e aumenta os custos para as empresas”, explicou Silva Junior, acrescentando que muitas transportadoras ainda estão despreparadas para arcar com passivos resultantes dessas mudanças.

Preocupações com a reforma tributária

Outro ponto de alerta para o setor é a regulamentação da reforma tributária, proposta no PLP 68/2024. De acordo com o Setcemg, há o risco de elevação da carga tributária de 22% para até 25%, caso deduções que hoje aliviam os encargos sejam eliminadas.

Rodovias em más condições

A precariedade das rodovias segue como um entrave ao transporte de cargas. Dados da Pesquisa CNT de Rodovias 2024 apontam que 67,5% das estradas brasileiras apresentam condições regulares, ruins ou péssimas. Em Minas Gerais, os custos operacionais podem aumentar em até 37,2% devido à má conservação das vias.

“Rodovias deterioradas geram atrasos, aumentam o consumo de combustível e elevam os riscos para motoristas e cargas. Precisamos de investimentos urgentes para melhorar essa infraestrutura”, concluiu o presidente do Setcemg.

O cenário reflete os desafios enfrentados pelo transporte de cargas, mas também evidencia o empenho do setor em buscar soluções para garantir competitividade e sustentabilidade no mercado.

Compartilhe nas suas redes sociais:

Lorena Cordeiro

Lorena Cordeiro

Jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Repórter no Portal Bem Minas desde 2020 nas editorias Meio Ambiente, Mineração e Energias Renováveis.