Belo Horizonte, planejada no século XIX pelo urbanista Aarão Reis, enfrenta desafios em revitalização urbana que a colocam atrás de outras capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com cerca de 2,3 milhões de habitantes, a cidade possui um grande número de prédios abandonados e uma legislação urbana considerada arcaica, dificultando a aplicação de técnicas sustentáveis de reestruturação, como o retrofit.
O arquiteto Alexandre Nagazawa explica que o retrofit permite restaurar edifícios antigos preservando sua arquitetura original, enquanto são atualizados para atender às necessidades contemporâneas. Em BH, o método poderia ser uma solução para os mais de 108 mil imóveis desocupados, número muito superior ao da população em situação de rua, estimada em 5,3 mil.
A legislação rígida é outro obstáculo, segundo André Campos, vice-presidente da Emccamp Residencial, que observa que restrições locais elevam o custo da habitação e limitam o desenvolvimento urbano. A empresa, inclusive, já prioriza investimentos em cidades próximas, como Pedro Leopoldo, onde o ambiente regulatório é mais favorável.
A resistência cultural e a complexidade de propriedade dos imóveis no centro de BH também dificultam projetos de retrofit. “Com imóveis pertencentes a múltiplos proprietários, a regularização para iniciar um projeto pode ser inviável,” observa Nagazawa. Especialistas defendem que o retrofit, aliado a políticas públicas eficazes, poderia transformar positivamente a cidade e valorizar seu patrimônio histórico.