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Apesar da redução, Minas Gerais ainda lidera ranking nacional de alertas de desmatamento da Mata Atlântica

Minas Gerais ainda lidera desmatamento da mata atlântica

Um alerta ou evento no  (SAD) representa a identificação de uma área desmatada que pode variar em tamanho

Um relatório divulgado no último dia 29 pela ONG SOS Mata Atlântica aponta uma redução de 59% de desmatamento do bioma entre janeiro e agosto de 2023, comparado ao mesmo intervalo do ano anterior. Os dados, apesar de reforçarem uma redução significativa do desflorestamento, também mostram que Minas Gerais ainda lidera o ranking nacional de desmatamento. 

Em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), neste mesmo período foram desmatados no país 22.240 hectares enquanto em 2023 o número caiu para  9.216 hectares. O cálculo foi realizado com base na área delimitada de Mata Atlântica pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019. 

O relatório anterior, apresentado em julho, indicava uma diminuição de 42% até o mês de maio, evidenciando uma área desmatada de 7.088 hectares em comparação aos 12.166 hectares registrados no mesmo período de 2022.

Todos os estados com áreas na Mata Atlântica apresentaram resultados de diminuição no desmatamento, sendo Santa Catarina (64%) e Paraná (66%) os estados que mais apresentaram queda. 

Minas Gerais também esteve entre as maiores reduções, com 62%. Contudo, segue liderando o ranking de alertas, com 1.513 no ano passado e 700 em 2023.  O estado foi de 9.570 para 3.599 hectares desmatados. Um alerta ou evento no Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) representa a identificação de uma área desmatada que pode variar em tamanho.  

Apesar do progresso observado, as organizações SOS Mata Atlântica, Arcplan e MapBiomas, que validaram os dados continuam ressaltando que, ao considerar a extensão de aplicação da Lei da Mata Atlântica, abrangendo regiões entre a Caatinga e o Cerrado, a redução foi significativamente inferior, atingindo 26%.

“A Lei da Mata Atlântica é aplicada sobre remanescentes florestais dentro dos Biomas Caatinga e Cerrado. No Piauí e Ceará, por exemplo, toda a Mata Atlântica está em encraves e há áreas muito relevantes na mesma situação em Minas Gerais, na Bahia e no Mato Grosso do Sul”, explica o coordenador técnico do MapBiomas,  Marcos Rosa. 

De acordo com a SOS Mata Atlântica, um encrave é uma porção isolada de um bioma, rodeada por uma vegetação que apresenta características distintas.

“Isso está alinhado com o aumento do desmatamento no Cerrado. A Lei 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, é a única legislação brasileira a tratar exclusivamente de um bioma, regulamentando sua preservação. A situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é preocupante. E isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela lei. Precisamos mudar esse cenário com urgência”, afirmou o diretor.

Apesar do resultado estar longe do satisfatório, “grande parte da queda no desmatamento se dá devido ao avanço da fiscalização ambiental e as restrições de crédito financeiro para propriedades onde o desmatamento é autorizado”, completa Luís Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica. 

Para Guedes, às vésperas da COP28 as atenções do país e do mundo estão focadas no combate ao desmatamento. Mesmo assim, a situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é preocupante. “Isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela Lei da Mata Atlântica. Precisamos mudar esse cenário com urgência ”, afirma.

Mata Atlântica e o desmatamento

A Mata Atlântica é um bioma brasileiro caracterizado por sua diversidade biológica, com florestas tropicais, ecossistemas costeiros e de altitude. Historicamente, a região enfrenta intensos processos de desmatamento devido à expansão urbana, agricultura e exploração madeireira. O desmatamento na Mata Atlântica tem como resultado a perda de biodiversidade e a fragmentação de ecossistemas. Apesar dos esforços de conservação, a luta contra o desmatamento na Mata Atlântica em Minas Gerais e em todo o país continua sendo uma preocupação e requer ações rigorosas para preservação. 

Minas Gerais está participando da COP28, que ocorre de 30/11 a 12/12, em Dubai, nos Emirados Árabes. Ao longo de 10 dias, o governo do estado irá apresentar a líderes globais as iniciativas implementadas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

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Lorena Cordeiro

Lorena Cordeiro

Jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Repórter no Portal Bem Minas desde 2020 nas editorias Meio Ambiente, Mineração e Energias Renováveis.

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