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Privatizações como desprezo pelo patrimônio público

A fúria privatista do mal sucedido Novo, como legenda partidária, introjetada na cabeça de seus membros, em especial de seu líder mais cintilante, o Governador Romeu Zema, vem sendo discutida em todos os cantos de Minas Gerais e os resultados não são diferentes do esperado: os mineiros não querem entregar nossas empresas com as suas responsabilidades de prestar serviços públicos para o que o mercado chama de investidores, quase todos meros especuladores, que trocam pelo lucro financeiro a qualidade dos serviços que entregam.

A Enel é um bom e recente exemplo, mas isso pode ser visto com o mesmo perfil nas diversas privatizações de sociedades realizadas no país, depois que as empresas, ainda públicas, foram submetidas ao esfacelamento técnico, financeiro e administrativo, uma conjugação perfeita para vendê-las na bacia das almas.

Quem defende a privatização da Cemig, da Copasa, da Gasmig e da Codemig, com todas as suas controladas, quer transferir para uma corja de aproveitadores amigos da casa, um patrimônio formado com recursos do Estado e dos mineiros, que possibilitou enxergá-las como empresas vitoriosas, bem estruturadas, fechadas a mutretas e indisponíveis como objeto de negociatas.

É lamentável que esses fenômenos estejam acontecendo sem a reação do Ministério Público de MG, do Tribunal de Contas e da Assembleia Legislativa.

A CPI que a ALMG, por requerimento do Deputado Professor Cleiton, conseguiu aprovar e investigar fatos lamentáveis, escondidos à custa de não se sabe o quê, tem informações e depoimentos palpáveis, todos lamentáveis para uma empresa incorporada à história de Minas Gerais e que tem ações em bolsas de todo mundo.

Achar que não há naquela CPI fatos que mereçam ser investigados, façam-nos o favor, senhores. Isso é doloroso para todos que tinham a expectativa de que as investigações acontecessem, com mais vigor e independência do que puderam ser feitas pela CPI.

Esse desfecho que a Comissão teve, destinando-a à prateleira ou ao lixo, com o silêncio das autoridades que deveriam se sentir no dever e na obrigação funcional de investigar o que naquela Comissão Parlamentar foi narrado, com documentos, testemunhos e dados trazidos ao conhecimento público é uma decepção, é a constatação da falta de interesse das nossas autoridades públicas pelo patrimônio também público.

A história, Deus queira, nos ajude a revelar publicamente o que produziu tais omissões.

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Luiz Tito

Luiz Tito

Luiz Tito trabalhou na equipe que colaborou na fundação no Jornal O Tempo, em 1996. Foi diretor da Sempre Editora, dona dos veículos O Tempo, Pampulha e Super, passando depois a responder pela vice-presidência da empresa. Afastou-se da Sempre Editora para ocupar a Diretoria Jurídica do Grupo Sada, de onde também se desligou, após mais de duas décadas de trabalho, vinculado ao citado Grupo. 

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