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Zema anuncia acordo com Israel em meio à guerra que mata centenas de palestinos

Zema anuncia acordo com Israel em meio à guerra que mata centenas de palestinos

Na última segunda-feira (08), o governo de Minas Gerais firmou dois acordos em colaboração com o Ministério das Relações Exteriores de Israel para fortalecer a relação entre o estado e o país.

O Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, sediou a cerimônia de assinatura, que contou com a presença do governador Romeu Zema, do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, do secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, da secretária de Estado Adjunta de Desenvolvimento Econômico, Kathleen Garcia, entre outras autoridades.

Um dos acordos é um tratado de cooperação com o Estado de Israel, adotando a Definição de Antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA). O outro acordo visa fortalecer as relações econômicas entre Minas Gerais e Israel.

Em matéria divulgada pelo próprio governo, foi destacado que Minas Gerais se compromete a abordar e prevenir atividades relacionadas a preconceitos motivados por antissemitismo. Assim, o governo se propõe a auxiliar na prevenção do preconceito contra o povo semita, especialmente os judeus.

No que diz respeito ao fortalecimento econômico, foi acordada a criação de grupos de trabalho liderados por especialistas para expandir o fluxo comercial entre Minas Gerais e Israel, aprofundando as relações econômicas em diversos setores. Essas atividades poderão ser desenvolvidas em áreas como agricultura, recursos hídricos, educação, segurança pública, ciência e tecnologia.

Segundo o governo de Minas Gerais, em 2023, o fluxo comercial entre Minas Gerais e Israel foi de US$ 50,6 milhões, com exportações somando US$ 23,6 milhões e importações US$ 27,09 milhões. O acordo visa abrir novas oportunidades para o país e aumentar o fluxo comercial.

O Bem Minas conversou com Sofia Zanforlin, coordenadora do grupo Migra da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre o caso. De acordo com ela, as ações de Israel mostram que o país não está em um bom momento. Logo, é bom para o Estado encontrar governantes da extrema-direita que ainda queiram algum tipo de diálogo, mesmo neste cenário.

“O genocídio que Israel está provocando em Gaza comprova que há um contexto em que Israel não está em um bom momento de popularidade no mundo. Vale ressaltar que se agora este genocídio está mais claro, a Palestina já vive uma realidade de opressão há muitos anos. É uma aliança da extrema direita, de governos que têm parceria com Israel, ou seja, uma ótima oportunidade para Israel em um cenário em que o país está em baixa. São relações extremistas somadas ao oportunismo do governo de Zema que causam extremismo político, reacionário e limpeza étnica”, disse a professora.

“Há uma instrumentalização dessa ideia de antissemitismo, porque as pessoas se colocam contra a ação de um estado genocida, chamado Israel, mas não se colocam contra a etnia específica dos judeus. Ser contra o posicionamento político e as ações de Israel não deveria ser chamado de antissemitismo; é uma tentativa de se aproveitar do termo”, completou.

Genocídio em Gaza

Segundo a Agência Brasil, em uma matéria divulgada em março de 2024, a relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, publicou um relatório afirmando que há “motivos razoáveis” para acreditar que Israel está promovendo um genocídio na Faixa de Gaza.

“A natureza esmagadora e a escala do ataque de Israel à Gaza e as condições de vida destrutivas que (Israel) infligiu revelam uma intenção de destruir fisicamente os palestinos, enquanto grupo”, diz o relatório de Albanese. 

Israel, por sua vez, rebateu, classificando o informe como uma “inversão obscena da realidade” e afirmou que respeita o direito humanitário internacional.

De acordo com a Al Jazeera, canal estatal do governo do Qatar, até a última quarta-feira (10), o número de mortos na guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas chegou a 40.000. Do total, 38.867 são palestinos, com a maioria (38.295) na Faixa de Gaza. No conflito, ao menos 1.139 israelenses morreram. Os feridos somam 102.271, sendo 93.541 palestinos e pelo menos 8.730 israelenses.

O que é genocídio?

Genocídio é um crime internacional que envolve a tentativa deliberada de exterminar, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. O termo foi cunhado em 1944 pelo jurista polonês Raphael Lemkin.

A definição formal de genocídio foi estabelecida na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948. Segundo a Convenção, os atos que constituem genocídio incluem:

Matar membros do grupo: Assassinatos intencionais de pessoas pertencentes ao grupo alvo.

Causar sérios danos físicos ou mentais a membros do grupo: Atos que resultam em sofrimento físico ou psicológico.

Submeter intencionalmente o grupo a condições de vida calculadas para provocar sua destruição física, total ou parcial: Inclui privação de alimentos, assistência médica ou outras condições essenciais à sobrevivência.

Impor medidas destinadas a prevenir nascimentos dentro do grupo: Políticas ou práticas que visam impedir a procriação do grupo.

Transferir à força crianças do grupo para outro grupo: Remoção forçada de crianças para cortar a continuidade cultural e biológica do grupo.

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